Os fiscais do Sarney surgiram no advento do Plano Cruzado. Entrado em vigor no 1º de março de 1986, constituiu em medidas drásticas para conter a inflação galopante herdada do regime da Ditadura Militar, que teve o crescimento econômico baseado no aumento contínuo da dívida pública através de empréstimos tomados no exterior. As medidas passaram desde a desindexação do salário mínimo à inflação aos congelamentos de preços, sendo no último que entra a participação dos fiscais.
A estratégia foi anunciada pelo próprio Sarney em cadeia nacional convocando a população a fiscalizar o preço tabelado e anunciado pelo plano. A recepção popular foi massiva, pois foi estabelecida a narrativa que o aumento dos preços era ganância dos mercadores e não da alta inflação que nessa altura já durava 7 anos. Aliando o discurso do governo com uma inflação decrescente nos meses subsequentes do lançamento do Plano, foi alavancada a maior popularidade vivida pelo governo Sarney e influenciou as eleições gerais de outubro de 1986, onde o PMDB, partido governista, aliado com o PFL, conseguiram maioria absoluta nas duas casas representativas e todos os governadores da República.
No entanto, o alvoroço não durou muito. Logo no mês seguinte às eleições, a inflação dispara, muito em prol das políticas equivocadas de controle de preços, que geraram a queda brusca da oferta e por conseguinte provocou desabastecimento sistemático de produtos básicos e disfuncionalismo geral no sistema de preços. Com isso, foi lançado o Plano Cruzado II, que foi estabelecido nas mesmas bases e moldes do Plano Cruzado original, sendo, portanto, não só incapaz de combater a inflação como levou o Brasil ao nível da hiperinflação. Foi, ainda, responsável pela derrocada da popularidade do Governo Sarney e desconfiança da sociedade na classe política, fenômeno marcante na eleição de 1989, polarizada ao extremo entre Lula e Collor, os dois antigos “outsiders”.
Greve dos trabalhadores decorrente da insatisfação populacional para com o governo de Sarney; retirado de “Memorial da Democracia”.
Inflação da moeda vigente e aumento dos preços; imagem retirada de “foco na mídia direta”.