Em sua face modernizante, o governo militar favoreceu o crescimento das instituições de ensino superior, incentivando o nascimento de novas universidades privadas e, expandindo as universidades públicas, para além dos incentivos governamentais, acerca do crescimento das instituições, pesava o crescimento populacional urbano, que levava cada vez mais estudantes até as universidades, que significavam uma alternativa de ascensão social e mudança de status. Paralelamente a isso, o período do milagre também serviu como incentivo econômico para a procura de vagas nas universidades. É nesse contexto que a questão dos excedentes dos vestibulares nas universidades, tomam a frente dos debates na década de 60.
As manifestações por conta dos excedentes dos vestibulares, acabaram por culminar na ampliação das vagas nas universidades e em seguida na mudança nas estratégias de ingresso nas instituições. Os antigos exames vestibulares aplicados por cada faculdade e por disciplinas específicas, em um contexto onde a demanda de alunos é crescente, se torna inviável logo, a saída seria a unificação dos vestibulares, de forma a se tornarem exames mais organizados.
Algumas instituições executaram a unificação de seus exames antes mesmo que houvesse lei ou decreto em vigor. Porém somente após a lei de n° 5540/68 que, estabeleceu a unificação dos vestibulares por instituição, não mais por faculdade ou disciplina específica, e também determinou que os exames se tornariam um concurso de caráter classificatório e abrangeria as disciplinas comuns do ensino médio, a unificação dos vestibulares viria a se estender por todas as instituições que teriam 3 anos para se regularizarem segundo a norma dos concursos vestibulares.
A mudança dos vestibulares para concursos classificatórios, também serviu como medida para resolver o problema dos excedentes, já que, a partir de uma classificação não haveriam reprovados, porém, somente as maiores notas se adequariam ao número de vagas, enquanto nos vestibulares anteriores a lei de n° 5540, todos eram aprovados a partir de uma nota mínima. Logo os exames vestibulares ganharam a atenção da imprensa, como no episódio de 1970, em que eram realizados em estádios de futebol.
Os vestibulares da atualidade trazem em sua organização heranças do período da reforma universitária implementada durante a ditadura.
REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS:
MOTTA, Rodrigo Patto Sá- As Universidades e o regime militar- Rio de Janeiro: Zahar, 2014. P.255 a p.269.
MARTINS, Carlos Benedito- A reforma universitária de 1968 e a abertura para o ensino superior privado no Brasil- Abril, 2009. [Internet]. Disponível em:
<https://www.scielo.br/j/es/a/RKsKcwfYc6QVFBHy4nvJzHt/?lang=pt> Acesso em: 26 de Setembro de 2021;