Evandro Teixeira de Almeida, nasceu em 25 de dezembro de 1935, em Irajuba (BA), um pequeno povoado a 307 quilômetros de Salvador. O pai, Valdomiro Teixeira, o “Vavá”, era fazendeiro, e a mãe, Almerinda Teixeira de Almeida, conhecida como “Nazinha”, dona de casa.
Em 1950, Evandro se muda para Jequié (BA), para dar continuidade aos estudos começou a sua carreira como fotojornalista no Jornal de Jequié. Nesse trabalho, ele comprou a sua primeira câmera fotográfica, que de acordo com o mesmo era bem simples. Depois, ele foi estudar em Ipiaú (BA), onde tinha o jornal Rio Novo, para o qual ele fazia fotografias, e local em que aprendeu a fotografar com Teotônio Rocha. Ali, ele comprou a sua segunda câmera, dessa vez uma Polaroid. Mais tarde, ele se mudou para Salvador (BA), e se tornou um estagiário do Diário de Notícias, que era um dos periódicos do grupo dos Diários Associados – uma das maiores redes de comunicação do país entre os anos 1930 e 1960, dirigida por Assis Chateubriand.
Na entrevista concedida a Paulo César Boni, Evandro revela que no ano de 1954, em Salvador, realizou um curso de fotografia com José Medeiros, aquele que ele considera um dos maiores nomes da fotografia brasileira. José Medeiros tinha um curso de fotografia por fascículos na revista A Cigarra, que era vinculada ao O Cruzeiro. Além dessa experiência, ele se tornou fotógrafo profissional a partir da prática de reportagem em vários jornais de Salvador e Rio de Janeiro.
De Salvador, ele chegou ao Rio de Janeiro em 1957, com uma carta de recomendação para estagiar no vespertino Diário da Noite, do grupo Diários Associados. Ali, ele se tornou um “santo casamenteiro” – o fotógrafo que cobria casamentos. No ano seguinte, em 1958, começou a produzir fotografias também para O Jornal (matutino dos Diários Associados).
Em 1961, ele recebeu um convite para trabalhar no Jornal do Brasil (JB), mas somente em 1963, aceitou o emprego. Nesse periódico por várias décadas do século XX, teve uma atuação diretamente ligada à política e economia. No regime militar brasileiro (1964-1985), o JB se destacou por veicular notícias e marcar uma oposição à ditadura e Evandro Teixeira destacou-se por realizar a cobertura afinada com a oposição.
Durante a década de 1950, os jornais brasileiros passaram por uma modernização uma modernização, se apartando do modelo de “jornalismo europeu” (político, literário e panfletário), e aproximando do modelo de “jornalismo estadunidense” (incorporando as noções de objetividade e de factualidade, padronizando e despersonalizando a escrita).
É importante lembrar, que no final da década de 1950, o Jornal do Brasil teve importantes mudanças, incorporando profissionais de vanguarda em seus quadros e consolidando uma nova forma de apresentar matérias de cultura. Jornalistas, fotógrafos, escritores e artistas plásticos se juntaram ao jornal, oferecendo subsídios de matéria-prima para novos tipos de público e de anunciantes. Uma das mudanças fundamentais era o destaque dado ao trabalho de fotógrafos.
No JB, Evandro Teixeira passou de recém contratado para condição de renomado fotógrafo conhecido no Brasil e no exterior. Integrou a equipe de fotojornalismo da casa por 47 anos, até 2010, quando o periódico parou de circular.
Suas fotografias não ilustravam matérias, mas levavam à reflexão. E foi particularmente importante na construção da fotografia pública que temos do regime militar.
Evandro Teixeira e o regime militar
Essa fotografia foi retirada na madrugada de 1 de abril de 1964, Evandro consegue entrar no Forte de Copacabana, e testemunha a chegada do general Humberto Castelo Branco, que se tornaria o primeiro presidente militar da ditadura. A foto é publicada na capa do jornal no dia seguinte, e torna-se um marco na história política do país, por criar um clima noir e de segredo em torno do governo militar se instalou no país.
Outro momento emblemático na carreira de Evandro foi no ano de 1968. Quando ele cobre, para o JB, as manifestações do movimento estudantil no Rio de Janeiro e a repressão do regime militar, produzindo fotos que se tornaram emblemáticas da luta pela liberdade. Entre elas, o confronto de estudantes e policiais a cavalos no Centro do Rio e a Passeata dos Cem Mil.
A fotografia nos jornais tornou-se um veículo para crítica social num período em que o país viveu a censura e a limitação da liberdade de expressão. As fotografias de Evandro Teixeira mostram essa crítica, sendo reconhecida por participar da história de maneira crítica.
No mês de maio de 1969, Evandro integrou a exposição no Museu de Arte Moderna, no Rio. A sua obra apresentada era A Queda Do Motociclista da FAB (1965), considerada provocativa ao regime militar. O Museu de Arte Moderna foi palco de várias exposições que reuniram artistas que tinham como marca a crítica à ditadura.
Como um fotojornalista que se tornou um exemplo para sua geração, a sua principal arma contra a ditadura foi a sua câmera fotográfica, sendo o único a capturar os bastidores do golpe de 1964 e produzir imagens icônicas da luta pela democracia.
Referências:
BARROS, Marco Antonio. Evandro Teixeira: O grande nome do fotojornalismo brasileiro. Acesso em: 05 de jan. de 2023. Disponível em: <https://blog.emania.com.br/evandro-teixeira-o-grande-nome-do-fotojornalismo/>.
Instituto Moreira Salles (IMS). Evandro Teixeira. Acesso em: 05 de jan. de 2023. Disponível em: <https://ims.com.br/titular-colecao/evandro-teixeira/>.
BONI, Paulo César. Entrevista: Evandro Teixeira. A fotografia a serviço da luta contra a ditadura militar no Brasil. Discursos Fotográficos, n.12, p.217-252, 2012.
LIMA, Reginâmio Bonifácio de. O lado “B” de Evandro Teixeira: fotografia e resistência nos Cadernos Culturais do Jornal do Brasil (1963-1979). Oficina do Historiador, n.1, p.1-19, 2020.