A permanência da corte portuguesa na cidade do Rio de Janeiro, Município Neutro da Corte tal qual era chamado na época, acarretou algumas modificações na mesma. Também, na província do Rio de Janeiro, que adotou como capital Niterói. Após a Proclamação da República, em 1889, o Município tornou-se capital do Brasil, porém, no Governo Kubitschek houve a construção de Brasília e a nomeação de um novo Distrito Federal. Assim, tantos anos desligado de seu “estado-origem“, a cidade do Rio estava se transformando em uma novíssima unidade federativa – Guanabara. A primeira notícia que se tem de uma cidade-estado. A mudança da capital brasileira significou, entre outros, a perda de status políticos, mas marcava o início de uma nova era, era da autonomia política.
Quando na década de 1970, no entanto, a ascensão militar ameaçava a autonomia de Guanabara, o único estado governado pela oposição partidária – MDB (Movimento Democrático Brasileiro). Ao General Ernesto Geisel, retomar o conjunto cidade e estado, ambos Rio de Janeiro, estava em suas cogitações antes mesmo de subir à presidência: “Já era um assunto que se analisava e desde então foi acertado. (…) Estudou-se como se tinha de fazer e preparou-se a legislação. Reclamam de eu não ter feito um plebiscito. Ia ser dispendioso e eu não pretendia mudar minha opinião”.
Chagas Freitas, líder do MDB carioca, e apoiadores afirmaram acreditar que a junção de Guanabara e Rio de Janeiro era, nada mais, nada menos, do que uma forma de reduzir a oposição. Ainda que alguns tenham se mostrado favoráveis a discutir a junção, mas segundo eles o Governo manteve-se contra qualquer forma de conversa. Enquanto para empresários fluminenses e o Governo relataram que a partir da união o estado do Rio poderia melhor se desenvolver economicamente, visto que Guanabara mantinha uma economia estável e estava se desenvolvendo bem, apesar de não ser rica.
No entanto, o plano de junção, consoante alguns, fora mal introduzido e executado, porque ambas as unidades federativas sustentavam passados políticos divergentes, Guanabara teve que submeter-se à organização política do estado do Rio. Vale a ressalva que a atual cidade Maravilhosa acumulou 15 anos como estado da Guanabara, perdendo tal status em 15/03/1975.
Referências bibliográficas:
FERREIRA, Marieta de Moraes. A fusão do Rio de Janeiro, a ditadura militar e a transição política. In: ABREU, A. A. (org.). A democratização no Brasil: atores e contextos. Rio de Janeiro: FGV, 26. cap 6, p. 163-203. Disponível em:
PEREIRA, Vinícius Martins. Fusão da Guanabara com o Rio de Janeiro: convergência política nos anos da ditadura militar (1970-1974). 2016. 122 f. Dissertação (Mestrado em História Social do Território) – Universidade do Estado do Rio de Janeiro, São Gonçalo, 2016. Disponível em: http://www.bdtd.uerj.br/handle/1/13608
Imagem Fusão, 1975. Disponível em: https://acervo.oglobo.globo.com/fatos-historicos/em-15-de-marco-de-1975-guanabara-rio-se-transformaram-num-unico-estado-10121382#ixzz7mz9PbLEf. Acesso em: 9 dez. 2022.