Nascido em Fortaleza (CE), em 1926. Luciano Carneiro, teve uma trajetória rápida e abrangente, cursou direito, na Faculdade de Direito da capital cearense, até o quarto ano. Mas, aos 16 anos, iniciou a sua carreira no Correio do Ceará e o Unitário, fotografando periódicos, assim começando a carreira no fotojornalismo.
Seis anos após iniciar a carreira no fotojornalismo, Carneiro se muda, em 1948, ingressando na equipe da revista O Cruzeiro, no Rio de Janeiro. Onde o mesmo participou, entre 1947 e os anos 1950, da consistente inflexão que a produção de O Cruzeiro sofreu, fazendo com que a revista fosse em direção a um fotojornalismo de viés humanista e engajado.
Luciano, retratou em suas fotografias, temas sociais, problemas brasileiros, o cotidiano de jangadeiros, posseiros, retirantes das secas, desvaliados do cangaço e movimentos sociais urbanos. Mostrando-se influenciado pela fotografia humanista do pós-guerra, representada por Henri Cartier-Bresson, Robert Capa, Robert Doisneau e W. Eugene Smith.
Na década de 1950, a produção investigativa de Luciano, publicada em O Cruzeiro, levantou questões relevantes que remetem ao contexto nacional, regional e global, visto que, suas coberturas ultrapassavam as fronteiras nacionais, atuando como correspondente internacional da revista.
Na revista, tratou das tensões mundiais provocadas por situações bélicas e das ameaças ao estabelecimento da paz. Era considerado pelos demais funcionários da revista como repórter com gosto para aventura. O Cruzeir, destacou que o “jovem repórter” era o único correspondente sul-americano na Coréia.
Luciano Carneiro teve a maior produção jornalística concentrada nesse período, com grandes coberturas, viajando pelos quatro cantos do mundo e se internacionalizando. Ele morou na Europa nessa década, cobriu o Festival de Cannes e a Copa do Mundo, além das guerras.
Na vida pessoal, casou-se com uma jovem da sociedade capixaba que lhe deu seu único filho, Luciano Carneiro Filho. Luciano Carneiro teve uma morte abrupta em dezembro de 1959, aos 33 anos de idade. Falecendo, após um acidente aéreo próximo a cidade do Rio de Janeiro, quando retornava de um trabalho em Brasília: fotografar o primeiro baile de debutante da nova capital, às vésperas da inauguração.
Guerra da Coréia
Durante a década de 1950, as Forças das Nações Unidas (ONU) lançaram a Operação Tomahawk, com o intuito de lutar contra a invasão das forças comunistas da Coreia do Norte. O salto do paraquedista e piloto Luciano Carneiro ocorreu durante a ostensiva militar estadunidense, liderada pelo 187th Regimental Combat Team (RCT), no dia 23 de março de 1951 em Munsan-ni, no norte da Coreia do Sul.
A reportagem ilustrada assinada por Luciano, texto e fotos, sob o título Operação Tomahawk, foi publicada um mês após, na edição de 28 de abril de 1951 da revista O Cruzeiro. A ela seguiram-se, em sucessivas edições da revista, mais dez reportagens ilustradas do mesmo autor sobre o conflito. O fotorrepórter identificava-se como um herói na cobertura do conflito.
Além de Luciano, naquele dia, John “Jack” Burby (da United Press, foi piloto durante a segunda guerra mundial), Robert “Bob” Lasher (Voice of America) e Claude de Chabalier (Agence France-Presse), saltaram de paraquedas, sendo os quatros jornalistas testemunhas oculares da Operação Tomahawk. A fotografia de guerra era um momento de destaque para as atividades dos repórteres fotográficos durante o século XX.
O conflito da Guerra da Coréia (1950-1953) representou para a época o risco de um novo conflito mundial, passados cinco anos do término da Segunda Guerra Mundial. Ela foi um dos momentos mais tensos da Guerra Fria, que opôs o bloco capitalista ao socialista. E Carneiro e a cobertura de O Cruzeiro eram favoráveis aos comunistas.
As forças políticas dos Estados Unidos (capitalismo) e União Soviética (comunismo) enfrentavam-se no sudeste asiático, num momento de grande tensão, visto que em 1949 havia passado por uma revolução social. E isso colocava a região como um ponto de conflito internacional entre as potências que foram vitoriosas da Segunda Guerra Mundial.
Referências:
IMS – Instituto Moreira Salles. Luciano Carneiro. Disponível em: https://ims.com.br/2017/06/01/sobre-luciano-carneiro/. Acesso em: 01 de ago. de 2023
IMS – Instituto Moreira Salles. Luciano Carneiro – Fotojornalismo e Reportagem (1942-1959). Disponível em: https://lojadoims.com.br/product/38054/luciano-carneiro-fotojornalismo-e-reportagem. Acesso em: 01 de ago. de 2023
IMS – Instituto Moreira Salles. Livro recupera trajetória de Luciano Carneiro, fotografo do mundo. Disponível em: https://ims.com.br/2020/10/16/livro-recupera-trajetoria-de-luciano-carneiro-fotografo-do-mundo-por-nani-rubin/. Acesso em: 01 de ago. 2023
LOUZADA, Silvana. O fotojornalismo brasileiro em meados do século XX: a fotografia e a construção da categoria profissional. 2013.
SANTOS, Luís Sérgio. Luciano Carneiro, de ‘O CRUZEIRO’, e a consolidação do fotojornalismo no Brasil. 2021.SOTANA, Edvaldo Correia. Do entretenimento aos assuntos internacionais: a paz mundial nas páginas da revista O Cruzeiro (1945-1953). Revista Eletrônica História em Reflexão, v. 11, n. 12, p. 15-31, 2017.