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Dorothea Lange e a Grande Depressão

Dorothea Lange nasceu em Nova Jersey, nos Estados Unidos, em 1895. Seus pais eram alemães e a fotógrafa foi criada por sua avó materna e tia-avó, junto ao seu irmão mais novo. Sua formação acadêmica em fotografia foi realizada na Universidade de Columbia.

O início de sua carreira fotográfica foi em Nova Iorque, mas foi em São Francisco que ela abriu seu estúdio de retratos, no ano de 1918. Lange se casou pela primeira vez em 1930, com Maynard Dixon, um pintor famoso. Sua identidade fotográfica ficou marcada durante os anos da Grande Depressão, na década de 30, quando Dorothea, que antes focava seu trabalho em fotografia de estúdio, voltou sua fotografia aos efeitos da grande crise econômica nas ruas de São Francisco.

Em 1935, a fotógrafa se casou com Paul Taylor Schuster, que era professor de economia. A ligação dos dois além de pessoal era profissional. Em 1934 eles trabalharam juntos pela primeira vez. Enquanto Lange fotografava o meio rural norte-americano e os efeitos da Crise de 1929, Taylor documentava e recolhia dados. Em 1935, Lange foi contratada pela Administração de Ajuda de Emergência do Estado da Califórnia, inicialmente como datilógrafa. Seu trabalho consistia em relatórios baseados nos dados fornecidos por Taylor, acompanhados de suas fotografias e legendas. 

“Mãe Migrante”: a fotografia que representou a Grande Depressão

Em 1929, teve início a maior crise do capitalismo financeiro, com a quebra da Bolsa de Valores de Nova Iorque, causada principalmente pela superprodução e especulação financeira. Essa crise impactou a economia mundial e se agravou até 1933. Quando Roosevelt foi eleito em 1932, ele aplicou seu plano econômico, o “New Deal”, que consistia na intervenção do Estado na economia a fim de reconstruir a economia capitalista.

Em 1935, o presidente Roosevelt criou a Resettlement Administration, uma agência focada na reversão de efeitos da Grande Depressão na zona rural, a partir do apoio a pequenos proprietários. Em 1937, a agência passou a ser chamada de Farm Security Administration (FSA) e se tornou um importante projeto de fotografia documental, que era utilizada como forma de documentar a pobreza nos campos, e idealmente documentar os impactos positivos da ajuda governamental na região. 

Dorothea Lange foi uma importante fotógrafa da agência e foi muito importante para a fomentação do acervo de documentação que eles produziam. A imagem mais famosa da agência foi registrada por Dorothea Lange e ficou conhecida como Mãe Migrante

Essa fotografia foi tirada em 1936, em Nipomo, Califórnia. Lange disse que encontrou Florence Owens Thompson, a mulher fotografada, em um acampamento de trabalhadores cuja subsistência dependia das plantações de ervilha que haviam fracassado. Segundo as palavras de Lange: “Eu vi e me aproximei da mãe faminta e desesperada, como se atraída por um imã. Não me lembro de como expliquei minha presença ou minha câmera para ela, mas lembro que ela não me fez nenhuma pergunta. Fiz cinco exposições, trabalhando cada vez mais perto da mesma direção.”

Figura 1: Mãe Migrante, Dorothea Lange (1936), Biblioteca Franklin D. Roosevelt Fotografias de Domínio Público

Essa fotografia marcou a época da Grande Depressão como símbolo da miséria que os trabalhadores agrícolas migrantes sofreram durante esse período. Em 1936 a fotografia foi publicada no San Francisco News e devido à alta repercussão, gerou um auxílio emergencial do governo para alimentar a população que enfrentava dificuldades.

Apesar da simbologia, anos após Lange revelar a identidade da mulher fotografada, Thompson contestou a fotógrafa e disse que ela não falou com Dorothea Lange e que sua história foi confundida com outra mulher ou que apenas havia maximizado a situação para contar uma história melhor.

Dorothea Lange faleceu em 1965, devido a diversos problemas de saúde que enfrentou durante seus últimos cinco anos de vida. A fotógrafa deixou um legado na fotografia documental, como dizia a mesma: “Todas as fotografias – não apenas aquelas que são chamadas de ‘documentais’, e toda fotografia realmente é documental e pertence a algum lugar – têm um lugar na história”.

REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS

DUBREIL, Jean. Dorothea Lange: Um olhar íntimo sobre a condição humana. Artmajeur, 2023. Disponível em: https://www.artmajeur.com/pt/magazine/8-retratos-de-artistas/dorothea-lange-um-olhar-intimo-sobre-a-condicao-humana/333820. Acesso em: 11 jun. 2024. 

DOROTHEA LANGE, A FOTÓGRAFA DA DEPRESSÃO: Conheça um dos ícones da fotografia mundial. Arteref, 2024. Disponível em: https://arteref.com/fotografia/dorothea-lange/. Acesso em: 11 jun. 2024.

MEISTER, Sarah. Dorothea Lange. DASartes, 2020. Disponível em: https://dasartes.com.br/materias/dorothea-lange/. Acesso em: 11 jun. 2024.

ELIAS, Érico. Dorothea Lange: Imagens e palavras. FotoDoc, 2022. Disponível em: https://fotodoc.com.br/perfis/dorothea-lange-imagens-e-palavras/. Acesso em: 11 jun. 2024.

SOUZA, Thiago. Crise de 1929: conheça a história da Grande Depressão. Toda matéria. Disponível em: https://www.todamateria.com.br/crise-de-1929/. Acesso em: 11 jun. 2024.

CAMPOS, Tiago. Crise de 1929. História do mundo. Disponível em: https://www.historiadomundo.com.br/idade-contemporanea/crisede29.htm. Acesso em: 11 jun. 2024.