
Renato Hofer Diniz, popularmente conhecido como ‘’Ratão’’ nasceu no ano de 1983, na comunidade Nova Holanda (RJ). Filho de pais nordestinos, Ratão destaca-se pela visão artística, retratada em seus trabalhos como foto-documentarista, sobre as favelas, desenhos de grafite e em especial ensaios de caráter cultural
Nascido e criado na Maré, Ratão tem registros notáveis da vida na comunidade, apresentando uma visão distinta daquelas que são emitidas pela mídia e demais canais de transmissão colocando as favelas como um lugar perigoso, visto de maneira rasa e estereotipada. Suas fotografias variam desde paisagens das favelas, desenhos por grafite, ensaios artísticos e até mesmo sobre o interior de tais regiões, possibilitando que ele realizasse diversas viagens pelo Brasil para fins de registro, sendo também autor de um livro e referência para a classe do fotojornalismo. Foi formado pela Escola de Fotógrafos Populares na própria Maré, trazendo consigo fotografias que demonstram sentimentos que a favela carrega, rompendo com a visão deturpada que muitos possuem das comunidades, junto a uma relação já estabelecida entre ele seu elo com o grafite desde a sua infância.
SUA RELAÇÃO COM O GRAFITE
Desde muito novo, Ratão já tinha um apreço pela arte urbana em grafites, o levando mais tarde a registrar tais expressões artísticas pelas ruas. Ainda em meados de 2006, Ratão registrava suas fotografias em preto e branco quando no ano seguinte, conseguiu uma câmera digital. Daí em diante, veio a mirar suas atenções para as artes em grafite que tenham um contexto, um ‘’espaço ’’ na cidade. Isso fez com que fizesse diversos registros de pinturas espalhadas em diferentes localidades, gerando ainda uma aproximação com um grupo de grafiteiros de Niterói, o Máfia 44. Outro ponto importante a respeito de sua aproximação com as artes em grafite foi a oportunidade que surgiu para que ele tivesse espaço para exposição no Centro Cultural Correios em 2009, no evento FotoRio.

Na imagem acima registrada por Ratão, é notável a maneira como os grafites alteram o cenário urbano brasileiro, se desvinculando de um padrão de cores estabelecidas e dando lugar a desenhos preenchendo paredes cinzas e sem vida pelo espaço urbano, muitas dessas sem reparos há anos pelo órgão público responsável pela manutenção. Com isso, se dá lugar à arte para preencher esse vácuo, não apenas criando uma forma de interação com os moradores, mas trazendo consigo uma identificação própria.
Na própria Maré, encontra-se diversas pinturas seja em corredores, muros ou casas. Ainda na infância, um dos ‘’hobbies’’ de Ratão era justamente a prática de produzir rabiscos e desenhos, sendo este um fato pontual em relação a como ele, desde muito jovem, já tinha um gosto pela arte visual mesmo antes de seu contato com Ripper e o Observatório das Favelas.
O grafite registrado pelo fotojornalista não se limitou apenas ao Brasil, mas sim ao mundo. Além de ter conseguido um espaço para suas fotos em uma exposição no RioFoto de 2009, a arte em grafite deu a oportunidade para Ratão de atravessar o Oceano Atlântico rumo a Londres, na Inglaterra, para levar seus registros artistícos e realizar uma residência artística no projeto Rio Occupation London. Além dos grafites, também teve a oportunidade de demonstrar seus trabalhos em demais áreas também em Paris e em Nova York. Tal movimento artístico com base nos grafites passou por uma série de desafios na sociedade moderna, se tornando alvo de críticas e marginalização da prática.

A essência do grafite está no conceito da arte urbana, sobretudo em locais públicos, muitas vezes trazendo consigo uma crítica social, assinaturas ou, como no caso das registradas por Ratão, as que trazem consigo um significado mais amplo, contemplando toda uma camada social pelas paredes do espaço urbano. Sua forma de trabalhar com a arte visual se baseia muito na transição entre o amanhecer e o anoitecer, trazendo consigo uma diversidade na maneira como expressa seus trabalhos. Em suma, o uso de grafites para expressar uma visão artística com setores da sociedade é, no geral, uma forma de expressão artística e cultural.
O ESTERIÓTIPO NAS FAVELAS BRASILEIRAS

Com origens marcadas na comunidade, Ratão não poupa esforços para registrar os momentos dentro da comunidade onde a TV e as mídias não chegam. Para além dos grafites e suas artes visuais pelo ambiente, há também registros da circulação dos moradores locais e paisagens. Entretanto, os moradores de comunidades também convivem com diversas visões errôneas e equivocadas quando se fala em favela, tendo a mídia como agente inferindo tais estigmas que são sustentados pela sociedade dominante, olhando pra favela como um lugar violento, pobre e sem traços culturais significativos
Com os grafites, Ratão consegue expressar a favela como um local de paz, cultura e fraternidade, buscando trazer para o senso comum como a vida nas comunidades não é exatamente aquilo que é repassado pela grande mídia hegemônica como um local perigoso, tornando o seu trabalho fundamental para a exposição da vida levada pelos locais nas comunidades cariocas.
REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS:
WikiFavelas – Bibliografia Ratão Diniz. Disponível em: https://wikifavelas.com.br/index.php/Rat%C3%A3o_Diniz_(fot%C3%B3grafo). Acesso em: 25/07/2024
Flickr – Disponível em: flickr.com/people/rataodiniz/. Acesso em: 25/07/2024
MosaicoFotoGaleria – Disponível em: mosaicofotogaleria.com.br/artistas/ratao-diniz/. Acesso em: 21/07/2024
RatãoDiniz46graus – Disponível em: rataodiniz.46graus.com/biografia/. Acesso em: 21/07/2024
Wikifavelas.com.br/index.php/Observatório_de_Favelas/. Acesso em: 21/07/2024