
Fonte: Alfred Eisenstaed. Disponível em: https://iphf.org/inductees/alfred-eisenstaedt/ . Acesso em 06 de nov. de 2023.
Alfred Eisenstaedt foi um fotojornalista polonês que recebeu notável destaque no cenário estadunidense ao longo do século XX. Nascido em 1898, estudou na Universidade de Berlim e serviu às forças armadas alemãs durante a Primeira Guerra Mundial. Após o fim da guerra, comprou uma câmera, aprendeu sozinho a tirar fotos e começou a fotografar amadoramente enquanto trabalhava em uma loja de botões.
Depois de um tempo exercendo a fotografia como hobby, começou a trabalhar profissionalmente em projetos como freelancer. Em 1929 participou da cobertura da cerimônia de entrega do Prêmio Nobel, evento que fez com que ele se estabelecesse na profissão ao mesmo tempo que se tornou conhecido no meio. A partir desse momento até 1935, trabalhou para a Pacific and Atlantic Picture Agency e, paralelamente, fazia trabalhos para a Berliner Illustrierte Zeitung e para algumas outras revistas ilustradas em Paris e Berlim.
Judeu, Alfred Eisenstaed experimentou a ascensão do nazismo e as políticas antissemintas de restrição da cidadania alemã e eliminação da sua comunidade naquele país. Em 1935, imigrou para os Estados Unidos, onde realizou outros trabalhos freelancers para grandes marcas como Vogue e Harper ‘s Bazaar.
Em 1936, Eisenstaedt entrou em outro ponto determinante em sua carreira: contratado junto com outros 3 fotojornalistas por Henry Luce, foi escolhido para trabalhar na renomada LIFE Magazine. O fotógrafo experimentou e foi um dos pioneiros do auge dos ensaios fotográficos nas revistas ilustradas, quando esse segmento editorial passou a publicar massivamente reportagens-fotográficas e dar destaque ao trabalho autoral e expressivo dos fotógrafos.
Como fotógrafo, permaneceu por 40 anos na revista. Suas fotografias eram consideradas claras e “generalistas”, sem seguir um padrão regional ou tipo de evento. Ao longo de seu portfólio, algumas das fotos mais famosas contam com imagens de garçons patinadores, uma excursão no Japão fotografando tatuagens de homens Yakuza, fotos descontraídas de Winston Churchill e a destruição das cidades de Hiroshima e Nagasaki pós bombas atômicas no fim da Segunda Guerra Mundial.
Após meio século de carreira e se consagrar como um dos fotojornalistas com mais imagens publicadas em veículos de informação, Alfred Eisenstaedt morreu em 1995 nos Estados Unidos com 96 anos de idade. Como legado, mais de 2500 fotografias para a história do fotojornalismo.
A ICÔNICA FOTOGRAFIA DO BEIJO NA TIMES SQUARE

Durante 1939 a 1945, o mundo viveu tempos de muita dificuldade e tensão. A invasão da Alemanha de Hitler à Polônia marcou o início do conflito que se tornou conhecido como a Segunda Guerra Mundial. Com os principais participantes da guerra divididos entre os Aliados – envolvendo Estados Unidos, União Soviética, França e Grã-Bretanha – e o Eixo – formado por Alemanha, Itália e Japão – acompanhou-se o expansionismo em massa no continente europeu pela disseminação de ideais nazistas e fascistas, além de um dos maiores genocídios da história principalmente contra judeus: o Holocausto.
A última fase da guerra foi marcada por um momento muito traumático: o ataque dos Estados Unidos às cidades japonesas de Hiroshima e Nagasaki com bombas atômicas. Esse momento destruiu completamente o local e dizimou grande parte de sua população, criando um passivo ambiental e humanitário que acompanhou a população durante todo o século XX em função da radiação e dos efeitos dela na vida. O evento também marcou o fim da guerra e um momento chave da hegemonia norte-americana no sistema político internacional do século XX.
Chamada originalmente de “V-J Day in Times Square”, essa é considerada uma das fotos mais famosas, não só do fotógrafo, mas da história. Após severos anos em que a imprensa era constantemente bombardeada com imagens do sofrimento da Guerra, o fim dela significava para as indústrias de mídia um novo começo no mercado editorial. O “V-J Day” marcou a data em que o Japão se rendeu aos Estados Unidos e aos outros países do grupo dos Aliados, levando, posteriormente, ao fim da Segunda Guerra Mundial. Então, no dia 15 de agosto de 1945, Eisenstaedt – assim como diversos outros fotógrafos, foram às ruas de uma das maiores metrópoles do mundo para registrar momentos dessa celebração que ocorria ao redor do mundo.
Através da lente de sua câmera enquanto caminhava pela Times Square, Eisenstaed captou uma cena de celebração que estava sendo comum naquele momento: homens que estavam servindo ao exército e mulheres que estavam trabalhando como enfermeiras durante a guerra se beijando. A foto – entre várias outras enviadas para a revista – foi publicada duas semanas depois e se tornou uma das imagens mais famosas sobre a Segunda Guerra Mundial.
Após a explosão da imagem entre a mídia e o público, a curiosidade da sociedade era outra: conhecer o casal da foto. O fotógrafo, que inicialmente não tinha nenhuma informação sobre os dois, resolveu ir também atrás dessa história que ele mesmo construiu. Entre casos de falsas identidades e procuras por todo os Estados Unidos, foram encontrados Greter Zimmer Friedman – uma judia austríaca que fugiu da sua terra natal para a América, e George Mendonsa – soldado da tropa estadunidense durante a guerra.
Mesmo atualmente, tal imagem ainda é considerada como fonte para debates sociais. É possível afirmar, entretanto, que essas discussões saíram do viés da vitória e fim da Segunda Guerra Mundial para uma pauta feminista. Principalmente com o crescimento do movimento #MeToo nos Estados Unidos em 2018, o tom romântico que essa foto transmitia até então foi ressignificada a um exemplo, entre outros vários, do machismo histórico – principalmente após a própria senhora da foto afirmar que o beijo não havia sido consentido.
Assim, mesmo após 8 décadas, observa-se como a foto ainda possui seu grau de notoriedade no imaginário da sociedade e no meio sociológico, em que o clique de um momento estabeleceu um novo capítulo na história do fotojornalismo mundial.
REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS
CHALASANI, R. Famed Life photographer Alfred Eisenstaedt. Disponível em: https://www.cbsnews.com/pictures/alfred-eisenstaedt-legendary-life-magazine-photographer/. Acesso em: 14 fev. 2024.
PHOTOGRAPHY, Internacional Center of. Alfred Eisenstaedt. Disponível em: <https://www.icp.org/browse/archive/constituents/alfred-eisenstaedt?all/all/all/all/0>. Acesso em: 14 fev. 2024.
VERRIA, Lawrence e GALDORISI, George. The Kissing Sailor: The Mystery Behind the Photo that Ended World War II. Annapolis: Naval Institute Press, 2012.
Woman in iconic V-J Day Times Square kiss photo dies at 92. Disponível em: <https://apnews.com/008575741d9345eea438430705d293ed/Woman-in-iconic-V-J-Day-Times-Square-kiss-photo-dies-at-92>.