
William Eugene Smith, mais conhecido como W. Eugene Smith, nasceu em 1918, na cidade de Wichita, Kansas, nos Estados Unidos da América. Quando era adolescente ele presenciou a morte de seu pai, que tirou a própria vida em 1934, durante um periodo de seca severa que acometeu o Rio Arkansas, que levou afetou a agricultura da região e levou diversos fazendeiros a falências.
Aos 18 anos abandonou os estudos na Universidade de Notre Dame, , movido pela paixão pela fotografia, se mudando para Nova York em busca de mais oportunidades profissionais na área. Após trabalhar por pouco tempo na Newsweek, ele teve a oportunidade de entrar para a revista Life em 1939.
Devido a seu jeito aventureiro e destemido, W. Eugene Smith teve uma ascensão rápida na sua carreira e acabou sendo selecionado para trabalhar como fotógrafo de guerra, cobrindo a campanha dos Estados Unidos no Pacífico na parte final da Segunda Guerra Mundial. Durante a cobertura, na ilha de Okinawa no Japão, em 1945, Eugene foi atingido por um morteiro que o afastou de seu trabalho por dois anos, mas abriu seus olhos para diversas questões sociais e o deu empatia com os temas e pessoas que fotografava.
Entre os anos de 1948 e 1954, Smith trabalhou na confecção um número de reportagens significativo. Em 1948 ele registrou o trabalho do médico Ernest Ceriani, no interior do Colorado e em 1949 ele registrou a disputa eleitoral no Reino Unido e a greve dos mineradores no País de Gales. Já no ano de 1950, ele capturou a dura realidade da vida na Espanha sobre o regime ditatorial de Franco e o trabalho da enfermeira negra Maude Callen. Por fim, em 1954 ele acompanhou o médico Albert Schweitzer no Gabão.
Em 1955 ele entrou para a agência de fotógrafos Magnum, onde realizou um trabalho autoral, sobre a cidade de Pittsburg e os seus altos níveis de poluição industrial, que durou 2 anos, se tornando quase uma obsessão do fotografo e gerando problemas na relação entre Smith e a agência. Logo após isso, no ano de 1957, ele se mudou para Manhattan com sua esposa e seus quatro filhos. Se envolvendo com a cena de jazz local, ele desenvolveu um projeto que combinava música e fotografia, intitulado de The Jazz Loft Project, que durou até 1965.
Já no ano de 1970, ele conheceu uma mulher chamada Aileen Sprague, com a qual teve um envolvimento romântico que eventualmente se tornou um relacionamento. Os dois se mudaram juntos para Minamata no Japão, em 1971. No Japão, Eugene Smith fez uma reportagem emblemática sobre as consequências da contaminação da água com mercúrio por parte da empresa Chisso, que eventualmente foi publicada como livro, com o título de Minamata, no ano de 1975.
William Eugene Smith morreu no ano de 1978, após sofrer um Acidente Vascular Cerebral, fruto de uma deterioração de sua saúde ao longo da década de 1970. No decorrer de sua vida ele foi reconhecido como um notório nome no campo da fotografia documental e no fotojornalismo internacional, sendo um dos fotojornalistas mais famosos da história.
A Doença de Minamata:
Identificada pela primeira vez no ano de 1956 na cidade de Minamata, província de Kumamoto, Japão, a doença de Minamata foi causada pela ação humana contra o meio ambiente. A fábrica da Chisso, uma das maiores produtoras de produtos químicos do Japão, fazia o descarte de um resíduo chamado “metil mercúrio” na bacia hidrográfica da região, o que contaminou as águas da região e a vida marinha que habitava ali. As pessoas da região tinham uma dieta com moluscos e peixes como as principais fontes de proteína, o que fez com que muitos adoecessem devido as grandes quantidades de metil mercúrio que eram encontradas nos animais que eram comidos em quantidades.
Os sintomas da doença de Minamata são: a redução de sensação nos membros, perda de coordenação motora, perda de visão, perda de audição e dificuldade na fala. Esses sintomas podem variar a depender da progressão da doença em cada caso especifico e não são transmissíveis de pessoa para pessoa, sendo a exceção o caso das mulheres gestantes, que podem transmitir a doença para o feto por meio do cordão umbilical.
Nesse contexto, quando chegou em Minamata em 1971, Eugene Smith foi capaz de ver os efeitos da doença, subsequentemente decidindo fotografar aqueles que eram acometidos pela mesma. No decorrer de um periodo de três anos, ele fez diversos registros que diziam respeito a doença, sendo o mais emblemático deles a foto de uma mãe dando banho em seu filho, identificado como Tomoko, que sofria da Doença de Minamata e era incapaz de cuidar de si mesmo.
Ele não somente teve a experiencia de interagir e fotografar com a população do Japão que sofria da doença, mas também de viver com eles, pois durante esse tempo ele residiu numa casa de uma família de uma pessoa com a doença, Toyoko Mizoguchi. Ao final do periodo em que viveu em Minamata, Eugene reuniu suas fotos em um livro, lançado em 1975, intitulado Minamata.

Tomoko and Mother in the Bath, imagem de 1971, realizada em Minamata, Japão. Foto: W. Eugene Smith
Referências Bibliográficas:
Harada M. Minamata disease: methylmercury poisoning in Japan caused by environmental pollution. Crit Rev Toxicol. 1995;25(1):1-24. doi: 10.3109/10408449509089885. PMID: 7734058.
W.EUGENE Smith’s Warning to the World. Disponível em: https://www-magnumphotos-com.translate.goog/arts-culture/society-arts-culture/w-eugene-smith-minamata-warning-to-the-world/?_x_tr_sl=en&_x_tr_tl=pt&_x_tr_hl=pt&_x_tr_pto=tc. Acesso em: 29 jan. 2025.
A FOTOGRAFIA épica de W. Eugene Smith. Disponível em: https://fotodoc.com.br/perfis/a-fotografia-epica-de-w-eugene-smith/. Acesso em: 29 jan. 2025