
Nascido na Tijuca, Rio de Janeiro, em 6 de maio de 1953, João Roberto Ripper Barbosa Cordeiro, ou João Roberto Ripper, é um fotojornalista bastante conhecido por seu envolvimento em questões sociais através da fotografia.
Ao longo de sua carreira na grande mídia, seu senso crítico foi moldado e, então, o jornalista passou a se envolver em militância política, como proteção de Direitos Humanos e valorização dos profissionais da fotografia. Sua conquista mais significativa nesse ramo foi a exigência de créditos das fotografias e tabela de precificação mínima para coberturas fotográficas.
Seu trabalho também foi notado na militância trabalhista e sindical, como diretor na Associação dos Repórteres Fotográficos e Cinematográficos do Rio de Janeiro, no Sindicato dos Jornalistas do Município do Rio de Janeiro e na Federação Nacional dos Jornalistas.
João Ripper formou-se em jornalismo pela Faculdade de Comunicação Hélio Alonso. Iniciou sua carreira aos 19 anos no jornal Luta Democrática, seguido pelos jornais Última Hora e O Globo. Em 1985 fundou, com Ricardo Azoury e Rogério Reis, a filial carioca da agência F4, a primeira cooperativa fotográfica no Brasil.
Ripper é uma grande referência no cenário da fotografia documental nacional devido ao seu papel primordial na defesa da melhoria das condições trabalhistas de fotógrafos do Brasil, com sua filosofia de uso de fotografia como ferramenta de transformação social.
Seus grandes projetos de vida são a ONG Imagens da Terra, do início dos anos 1990, voltada para a fotografia documental de denúncia social e o “Imagens do Povo”, criado em 2004, sendo uma agência-escola de formação de fotógrafos do Observatório das Favelas, no complexo da Maré.
Seu envolvimento com a Imagens da Terra foi tão relevante que, em 1988, desencadeou na exibição quase exclusiva de suas fotografias no relatório sobre a Violência no Campo do Brasil publicado pela Anistia Internacional.
Enquanto isso, o Imagens do Povo promove atualmente a educação e emprego de 40 fotógrafos de origens populares, trocando experiências e técnicas humanizadas em seus registros a partir de suas vivências.
Ripper e a Maré
Em 2004, ao ser convidado por Jaílson de Souza e Silva, um dos fundadores do Observatório das Favelas localizado na Maré, para capturar os registros que iriam para o livro Favela: alegria e dor na cidade (Senac Editora, 2005), mal sabia Ripper que daria uma nova faceta a sua carreira. Sua participação veio com uma ideia inovadora ao projeto da Maré: fotografias da comunidade produzidas pelos próprios moradores.
Sua proposta envolvia a formação de novos fotógrafos, os moradores, a partir de cursos ministrados pelo próprio João Ripper, de modo que as imagens ganhassem o foco do pertencimento, uma ótica inovadora que traz o protagonismo de profissionais que reside na Maré, com um olhar mais sensível sob a cidade e a favela.
Batizado de Escola de Fotógrafos Populares (EFP), o curso ofertado por Ripper desencadeou na agência Imagens do Povo, acervo com as obras dos profissionais formados pela EFP que os permitia comercializar suas produções, criando uma rede empregatícia sustentável para os alunos-fotógrafos.
O produto desta empreitada foi o protagonismo de um território tido como violento e hostil, que passa a ser visto de modo mais sensível pela delicadeza de seus moradores, as relações afetivas nutridas dentro desses espaços, os laços familiares e a arte produzida lá dentro, tão negligenciada pela grande mídia e o poder público. Pode-se dizer, portanto, que Ripper humanizou a favela e seus habitantes com seu olhar inovador.

Referência Bibliográfica
A Fotografia Popular por Ela Mesma – 12o Festival de Fotografia de Tiradentes. Disponível em: <https://fotoempauta.com.br/festival2023/fotolivros/a-fotografia-popular/>. Acesso em: 19 set. 2024.