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A Marcha Forçada: PND II e desenvolvimento econômico

O conturbado ano de 1974 é marcado no Brasil pelos finalmente do milagre econômico na ascensão da primeira crise do petróleo que desestabiliza a economia global, marcado também pela maior repressão estatal vivida pela sociedade brasileira até então e a transferência da Presidência da República de Médici para Geisel. Ao assumir o cargo, o general Geisel anuncia o plano econômico mais ambicioso do dito nacional desenvolvimentismo brasileiro, o PND II. O Plano tinha como base promover a “marcha forçada”, ou seja, enquanto o mundo embarcava em uma recessão proveniente da primeira crise do petróleo, o governo Geisel produz a narrativa de manter a evolução do PIB e do desenvolvimento nacional com intervencionismo estatal baseado principalmente em capital público, subsídios e incentivos para o capital privado interno e empréstimos externos.

 O plano foi focado em três grandes áreas: energética, industrial e de insumos. Na área energética se estabelece o pró-álcool, a construção da primeira usina nuclear de Angra, e a construção de diversas usinas hidrelétricas principalmente na região Amazônica para tentar produzir uma autossuficiência ao petróleo estrangeiro. Para fomentar a indústria e a produção de insumos, foi amplamente utilizado o BNDE (hoje BNDES) a partir de crédito subsidiado, planos de fomentação das indústrias nacionais estatais e planos de desenvolvimento regional. 

Tais políticas, por mais que inicialmente cumpriram de evoluir o PIB e aumentar o desenvolvimento nacional, foi feito à revelia de pesadas consequências: o aumento de empréstimos externos prejudicou enormemente a capacidade de arcar com os compromissos nos anos subsequentes com o aumento dos juros internacionais e o surgimento da segunda crise do petróleo que foram o pontapé da crise econômica geral da década de 80 vivida no Brasil. Além desse fato, a marcha forçada concretizou o mercado produtor brasileiro inteiramente voltado à associação com subsídios e benefícios governamentais, proporcionando uma herança patrimonialista nos setores econômicos do país que perdurou por muito tempo nossa história e age até os dias atuais.

Imagem, 1974. Disponível em: https://www.ipea.gov.br/desafios/index.php?option=com_content&id=3297. Acesso em: 9 dez. 2022.