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Captura do Embaixador Charles Elbrick

Em 1969, período no qual o Brasil passava por um dos momentos mais críticos em relação à repressão por conta do AI-5, os grupos militantes da esquerda armada mudaram suas táticas e intensificaram a guerrilha rural e urbana como estratégia de resistência. A revolução Cubana (1959) e as revoltas anti imperialistas da década de 1960 eram um exemplo para os guerrilheiros. Para mostrar o poder de seu grupo para as massas, alterar a estruturação social e ditatorial, e contestar o regime militar, muitas vezes esses grupos fizeram assaltos a bancos, atentados com bombas, saques, sequestros focos de guerrilha no meio rural, entre outros.

Nesse contexto, em setembro de 1969, dois grupos militantes se uniram para realizar uma intervenção, a ALN (Ação Libertadora Nacional) e o MR8 (Movimento revolucionário 8 de outubro), a captura do embaixador dos EUA Charles Elbrick foi uma intervenção que por 3 dias se tornou o foco das atenções no país.

O embaixador foi capturado por integrantes da ALN e do MR8 no dia 4 de setembro na rua Marquês de Botafogo enquanto voltava a embaixada dos EUA no centro em direção a sua residência no Humaitá, e foi levado para um cativeiro em Santa Teresa, onde ficou mantido como refém por 3 dias.

Os integrantes da ALN e do MR8 responsáveis pela intervenção pediam em troca do resgate do embaixador, o asilo de 15 presos militantes do movimento estudantil, dos sindicatos operários, guerrilheiros etc. Também publicaram um manifesto denunciando a ditadura nos principais jornais do Brasil. O governo, sob ameaça de execução do embaixador, tinha 48h para dar uma resposta (que foi positiva).

“Exigimos apenas a libertação desses 15 homens, líderes da luta contra a ditadura. Cada um deles vale cem embaixadores do ponto de vista do povo. Mas um embaixador vale também muito, do ponto da ditadura e da exploração” – Trecho do Manifesto publicado nos principais jornais do país a pedido dos envolvidos na intervenção.

No dia 7 de setembro, os 15 presos foram enviados para o México, onde lhes foi concedido asilo político, e o embaixador libertado sem nenhum arranhão. Inclusive, o embaixador conta que foi muito bem tratado pelos militantes, que foram cordiais com ele durante todo o tempo em que foi mantido em cativeiro.

Arquivo O Globo. 1969. 1 fotografia. Disponível em: <https://acervo.oglobo.globo.com/fotogalerias/as-imagens-do-sequestro-do-embaixador-charles-elbrick-9777801>Acesso em: 15 de dezembro de 2022.